Alberto Salino - MTb 13.016
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‘O sistema falha, porque está errado mesmo’
03 de maio de 2016
A universalização do acesso das vítimas de acidentes de trânsito ao DPVAT não está nos Correios, na visão da corretora responsável pela santista GRK Corretora de Seguros, Gizelda Rocha Kaitzor. Para ela, os Correios não são solução, mas, em geral, problema. “Lá, não tem pessoal habilitado, pronto para tirar dúvidas, orientar o segurado. E não é por culpa dos funcionários. O sistema é que está errado mesmo”, avalia Gizelda.
Ela acredita que há um erro de conceito nesse projeto da Líder Seguradora. Vende-se uma ideia que, segundo ela, não existe: simplicidade na entrada do pedido de indenização. Na verdade, o processo é burocrático, em particular quando envolve invalidez permanente. Ao que parece – prossegue –, os idealizadores do projeto deixam transparecer que desconhecem, ou não levaram em consideração, a realidade do segurado Brasil afora. Ela conta que essas pessoas, na grande maioria das vezes, são humildes, inseguras, pouco ou nada informadas sobre como proceder.
E não são folhetos explicativos que vão resolver a questão, até porque também se desconhece o grau de instrução da grande massa dos beneficiários do DPVAT.
Diante desse cenário, Gizelda Kaitzor levanta a seguinte reflexão: imagina como esse pessoal é tratado quando chega em uma agência dos Correios na esperança de exercer seu direito à indenização, possivelmente ainda sob o trauma do acidente! Nessa afluência, ela lembra ainda que o segurado é obrigado a entrar na vala comum da fila do atendimento, para ser mal orientado. “Não podemos concordar com os Correios como saída para o atendimento à vítima de trânsito”, prega.
Enquanto isso, ela assinala que a Seguradora Líder parece mais preocupada em dificultar o trabalho do corretor de seguros, formulando medidas como a de limitá-lo a 30 atendimentos mensais no DPVAT. “O corretor é o profissional que trabalha e se preocupa de fato com o segurado. É o canal habilitado e capacitado para melhor informar sobre o processo. E está lá sempre à espera do segurado, inclusive preparado para lidar com o lado emocional abalado pelo desastre, o que reforça a função social do nosso atendimento”, sentencia.
De acordo com ela, com o padrão de mau atendimento dos Correios e o corretor de mãos atadas, desestimulado, os atravessadores tendem a levar a melhor com essa política, alguns achacando a vítima do trânsito com cobrança de até 30% do valor da indenização. “O sistema falha, está errado mesmo”, reitera.
Nunca é demais relembrar, segundo ela, que o corretor é canal com cerca de 70 mil pontos de atendimento em todo o Brasil. Ela sabe que a questão não é só quantitativa, embora muitos prefiram não entrar nessa seara do seguro obrigatório do trânsito. “É canal qualitativo”, emenda, indignada com a Líder por pender para o lado da restrição ao invés de incrementar um programa efetivo e sistemático de incentivo à categoria. Gizelda manifesta-se certa de que a adesão de corretores de seguros ao DPVAT aumentaria sobremaneira com uma política desse porte, que leve em consideração, em termos de remuneração, o tempo gasto, o pessoal e a estrutura necessários ao atendimento.
Para Gizelda Kaitzor, a universalização do atendimento ao DPVAT nos processos administrativos de sinistros passa, necessariamente, pelos corretores de seguros, um canal que não é de mera distribuição de produtos, mas, essencialmente, fornecedor de assistência ao segurado.
Comentários
Francisco Fernando Silva03 de maio de 2016
Parabéns Gizelda, falou muito bem!!!
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